Jovens tenistas conquistam cada vez mais espaço no cenário profissional e alcançam destaque em suas modalidades e reconhecimento em suas categorias. O tênis é um esporte que exige muito de seus adeptos, a força muscular e o desgaste causados pelas longas partidas, podem gerar muitas lesões, as mais comuns localizam-se nos joelhos, quadris e ombros.
Anos atrás, o nosso campeão Gustavo Kuerten, o Guga, abandonou precocemente as quadras, acometido por uma patologia chamada de Impacto fêmoro acetabular com lesão condro labral (espécie de moldura de revestimento, encontrada nas bordas da articulação do quadril ). A lesão do labrum, nesta ocasião, era mais conhecida por acometer os ombros dos atletas. Acometer o quadril, como aconteceu com o Guga, desencadeou uma grande mobilização entre os cientistas e profissionais de saúde para desenvolver pesquisas e conhecer suas causas, sintomas e tratamento.
Muitas lesões no quadril acontecem durante a prática esportiva. Quando se faz muita força, partindo do quadril em movimentos contínuos, cria-se uma sobrecarga, desencadeando o trauma. Os principais sintomas são notados ao andar ou ao praticar esportes. Além da intensa dor, estalitos, limitações e falseios, podem acontecer, e estes sintomas, além de causarem muita angustia, afetam diretamente o rendimento dos atletas.
Recebo muitos atletas do tênis em meu consultório, muitas vezes temerosos em ouvir minha resposta, quando perguntam se terão que abandonar as quadras, já que protelaram a consulta por muito tempo. Eu sou um médico apaixonado pelo esporte, então sempre tenho o maior cuidado ao responder está pergunta. As possibilidades de tratamento evoluíram muito. Prefiro me basear em resultados de exames adequados e estudar com o paciente todos os pontos desta questão. Em lesões até mais graves que a lesão do labrum, o esporte, quando feito com coerência, pode ser um grande aliado, então, parar jamais!
É claro que em alguns casos, uma pausa é necessária, porque muitas vezes o tratamento é cirúrgico, daí a importância de sempre procurar ajuda ao sentir os primeiros alertas dados por nosso corpo. No caso da patologia do impacto fêmoro acetabular, às terapias manuais, correções posturais e exercícios específicos ajudam ou até resolvem o problema. No entanto, a falha do travento clínico pode demandar algum tratamento cirúrgico, normalmente a cirurgia por vídeo conhecida como artroscopia é indicada para remoção do impacto e reparo das estruturas labrais e condrais (cartilagem).
Hoje as técnicas para estas cirurgias se modernizaram e estão cada vez mais favoráveis. Recentemente foi desenvolvido um estudo científico comparando o tratamento clínico versus o tratamento cirúrgico das lesões por impacto e o resultado final foi que o tratamento cirúrgico apresenta maiores benefícios(1).
Anualmente participo de cursos e eventos nesta área, aprimorando técnicas que eu já desenvolvo em meus pacientes e que são uma verdadeira revolução no intra e pós cirúrgico.
Trabalhando à frente do Instituto DR Clinic, além dos investimos em tecnologia, sigo está mesma filosofia. O melhor para o paciente é conscientizá-lo dos cuidados necessários para seguir no esporte, realizando um trabalho de pré fortalecimento muscular, alinhados com a hidratação e a alimentação. Sempre respeitando os limites do corpo e conservando um estilo de vida saudável para alcançar longevidade no esporte e ter uma vida mais feliz dentro e fora das quadras.
Referência
(1) Murphy et al. BMC Musculoskeletal Disorders (2017) 18:406 Protocol for a multi-centre randomised controlled trial comparing arthroscopic hip surgery to physiotherapy-led care for femoroacetabular impingement (FAI): the Australian FASHIoN tria
