Por: DRA. DANIELE FREITAS PEREIRA
A gota é uma doença caracterizada pela elevação de ácido úrico no sangue, o que leva a um depósito de cristais de monourato de sódio (ácido úrico) nas articulações. É este depósito que gera as crises de artrite aguda, que tanto incomodam os pacientes.
Nem todas as pessoas que têm a taxa de ácido úrico elevada (hiperucemia) serão portadoras de gota. Alguns pacientes permanecem assintomáticos. A maioria dos pacientes que desenvolvem gota são homens, na faixa etária dos 50 anos.
A hiperuricemia pode ocorrer pelo aumento da produção do ácido úrico (hiperprodução) ou por diminuição da eliminação do ácido úrico pelos rins (hipoexcretor), o que acontece na maioria dos casos. Fatores como obesidade, consumo abusivo de álcool, hipertensão, doença renal, e uso de diuréticos estão comumente associados com gota. Na maioria das vezes, a hiperuricemia é idiopática (sem causa definida). Uma alteração genética no mecanismo enzimático responsável pela excreção do ácido úrico pelos rins é o principal mecanismo envolvido.
O primeiro sintoma da gota, muitas vezes, é um inchaço do dedo grande do pé acompanhado de dor forte. A primeira crise pode durar de 3 a 10 dias, e após este período o paciente volta a levar uma vida normal, o que geralmente faz com que ele não procure ajuda médica imediata. Uma nova crise pode surgir em meses ou anos e comprometer a mesma ou outra(s) articulação(s). Geralmente as crises de artrite aparecem nos membros inferiores, mas pode haver comprometimento de qualquer articulação.
O diagnóstico de gota durante a crise, só é possível, se for realizado aspiração do líquido da articulação e encontrado cristais de ácido úrico na análise microscópica. A taxa de ácido úrico no sangue pode estar normal durante a crise, sendo assim, se houver suspeita de gota, deve-se fazer uma nova dosagem dentro de 2 semanas. Uma radiografia (raio-X) pode ajudar a definir o quadro. A dosagem do acido úrico na urina de 24 horas é importante e determina se o paciente é hiperprodutor ou hipoexcretor.
Não há cura definitiva para a gota. O objetivo do tratamento é aliviar a dor e evitar as crises, que além de dolorosas podem deformar as articulações, e evitar ou eliminar os nódulos (tofos) que podem surgir nas articulações.
A hiperuricemia assintomática, ou seja pacientes que nunca tiveram crise ou que tiveram pouquíssimas crises durante a vida, não precisa ser tratada com medicamentos contínuo, exceto em casos específicos.
O tratamento da crise de gota pode ser feito com anti-inflamatórios não esteróidal (AINEs), colchicina, e corticosteroides (oral; injetável; intra-muscular ou intra-articular). Os medicamentos de manutenção e para diminuir a taxa de ácido úrico no sangue devem ser iniciados assim que o diagnóstico de gota é feito. É importante, o paciente estar ciente que durante o início deste tratamento, uma crise de gota pode surgir, mas, os medicamentos devem ser continuados, e a crise deve ser novamente tratada.
O consumo de bebidas alcoólicas, frutos do mar, e carne vermelha, podem ser feito, sem exagero, após o início do tratamento, e quando os níveis de acido úrico estiverem normais. É muito importante a continuidade do tratamento, pois o nível de ácido úrico pode subir novamente, levando a novas crises e deformidades das articulações.