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De que maneira estamos lidando com as pressões do cotidiano?

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De que maneira estamos lidando com as pressões do cotidiano?

mafalda

Desordens relacionadas ao estresse e a intolerância presentes no modo de vida moderna tornaram-se tão relevantes e impactam a vida de tantas pessoas que até mesmo os milionários dos estúdios hollywoodianos tratam, rotineiramente, esse assunto nas telas. Filmes como “Crash – No limite” é um exemplo de como a ficção faz um retrato da sociedade na qual vivemos. Muitas vezes sem perceber, as pessoas adoecem física e emocionalmente, em razão da maneira como lidam com as pressões do dia a dia.

Nesse sentido, quantos de nós poderiam se reconhecer na personagem atormentado de Sandra Bullock em “Crash”, que fica transtornada após um assalto? Apesar de neste drama a intensidade da reação da personagem ser extrema e a temática básica ser o preconceito racial, podemos traçar um paralelo das telas com as ruas de grandes cidades, onde diariamente pessoas são expostos a longas filas de congestionamento, com motoristas hostilizando uns aos outros. Em determinados momentos, o descontrole de certos condutores, mesmo no inicio da manhã, evidencia o nível de tensão ao qual estas pessoas estão imersas em suas vidas. Tensão essa gerada pela pressão no trabalho por metas, pela dificuldade em manter as contas dentro do salário, ou por diversas outras formas de cobrança em que estejam envolvidas.

Outro aspecto relevante da vida moderna é a necessidade de estarmos sempre disponíveis e informados online, seja com respostas rápidas no whatsApp, seja sabendo qual é o último trending topic no Twitter ou curtindo fotos no Facebook.  Essa ânsia em estar “ por dentro ” do que houver de mais recente, faz com que assuntos instantâneos, de conteúdos por vezes efêmeros, sejam vistos sem filtro, como se fossem fundamentais. Dessa maneira, esse comportamento não necessariamente produz algum resultado prático na vida de quem se esforça para manter-se informado. Uma mensagem não respondida imediatamente ao chegar, pode ser vista como descaso por um chefe, por exemplo. Assim, vivemos mergulhados numa enxurrada de Posts que “devem” ser lidos e comentados, como se isso fosse uma fase de um Game que tem de ser superada para, então, partimos para uma atividade seguinte no dia. Será que precisamos de tanto imediatismo? Será que isso realmente é produtivo e necessário? O desgaste gerado para atender todas estas expectativas vai minando, dia após dia, nossa saúde, mesmo que de uma maneira velada.

Neste turbilhão de sensações, podem estar presentes dores e contraturas musculares, bem como angústia, insônia e sintomas depressivos, sem que se perceba a associação que estes sintomas possuem com o estresse ao qual o corpo é submetido.

Dessa maneira, estar atento a mudanças no padrão alimentar e no padrão de sono, assim como em alterações na capacidade de concentração em atividades de trabalho como a leitura, além das condições da memória recente, podem ser bons fatores para se avaliar a necessidade de algum tipo de intervenção.

Quando falamos em pequenas alterações nos padrões de funcionamento do indivíduo, recorrer à música no trânsito para relaxar, ou produzir mudanças de hábito, como a prática regular de atividades físicas ou mesmo a busca por um hobby, como o aprendizado de um instrumento musical, podem ser suficientes para que o equilíbrio físico e emocional seja reestabelecido.

Entretanto, quando percebemos o comprometimento de funções executivas, como a capacidade de memorização e de realização de tarefas até então realizadas sem maiores dificuldades, pode-se observar que uma doença propriamente dita está presente. Nesse caso, além das mudanças na rotina, podem ser necessárias intervenções medicamentosas, associadas ou não, a outras formas de terapias, como a psicoterapia, para que se possa reestabelecer um funcionamento saudável e, assim, viver melhor neste meio nem sempre gentil no qual estamos.

Débora Piva Scaccabarozzi

Médica Psiquiatra

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