Por: Dr. Renato Rodrigues Pereira
As fraturas por estresse foram descritas inicialmente por Belcher, cirurgião militar alemão em 1905, em soldados de guerra. No entanto, foram nos últimos 30 anos que um número elevado de casos foram relatados, muito provavelmente pelo aumento da prática esportiva na sociedade. As fraturas por estresse são divididas em dois tipos, de acordo com suas etiologias: as “fraturas de fadiga” que ocorrem em ossos normais submetidos a forças anormais, mais frequentes em indivíduos jovens e atletas e as “fraturas por insuficiência” que são fraturas em ossos anormais submetidos a forças normais, associadas principalmente a paciente mais idosos com ossos osteoporóticos.
Qualquer osso que seja submetido a carga pode ser acometido por uma fratura por estresse, no entanto a tíbia e os metatarsos são os locais mais frequentes. As fratura por estresse do colo do fêmur são entidades raras, porém estão relacionadas a um grau elevado de comorbidade quando não diagnosticadas e tratadas precocemente. As fraturas do colo do fêmur são divididas em dois tipos, fraturas da zona de compressão e fraturas da zona de tensão, sendo as últimas de maior malignidade.
O diagnóstico na grande maioria da vezes, através da história e confirmado pelos meios de imagem. Dor na região inguinal durante ou após atividade física, que se assemelha em alguns casos com uma distensão muscular, os movimentos do quadril se encontram limitados e dolorosos, principalmente aos movimentos rotacionais e quando submetidos a carga, como por exemplo, andar. A ressonância nuclear magnética (RNM) e a cintilografia óssea são os exames mais sensíveis para o diagnóstico inicial. Nas primeiras semanas, após o início dos sintomas, as radiografias simples do quadril são normais na grande maioria das vezes. O tratamento é preconizado de acordo com o tipo da fratura: fraturas na zona de compressão, são mais benignas e o tratamento clínico é mandatório na grande maioria dos casos. Já as fraturas na zona de tensão tem como princípio a fixação cirúrgica da fratura, afim de se prevenir uma fratura completa.
O tratamento clínico consiste no uso de analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais, compressas local com gelo e principalmente repouso do membro acometido, sendo necessário o uso de muletas para retirar a carga sobre o membro por um período que pode variar de 8 a 12 semanas. O acompanhamento semanal deve acontecer no primeiro mês. Após este período exercícios leves de alongamento e fortalecimento muscular podem ser iniciados. As atividades de impacto, como corrida, devem ser evitadas por um período mínimo de 6 meses.