Por: Dr. Renato Rodrigues Pereira
Antes de falarmos sobre as fraturas do acetábulo é importante entendermos o que é o acetábulo e qual a sua localização. A bacia do corpo humano é formada por três grandes ossos, dois ossos inominados e o osso sacro. É no osso inominado que vamos encontrar o acetábulo, através da fusão de três ossos, o ísquio, o ílio e o púbis. Estes três ossos se juntam ainda na fase intra-útero para formar a cartilagem trirradiada, que mais adiante será denominada acetábulo. Portanto, o acetábulo nada mais é do que a superfície articular da bacia, que junto com a cabeça do fêmur formam a articulação do quadril.
Na grande maioria, as fraturas do acetábulo são graves, principalmente por estarem associadas a traumas de alta energia, como acidentes motociclístico ou quedas de grandes alturas. Este tipo de fratura também pode ocorrer nos idosos devido a uma queda simples e pela qualidade óssea deficiente, porém os pacientes jovens são os mais acometidos. A gravidade não está apenas no tipo de fratura e nas limitações que estas fraturas podem ocasionar, mas também no estado geral do paciente, que muitas vezes apresenta lesões de outros órgãos que podem colocar em risco a sua vida. A abordagem de um paciente com fratura de acetábulo deve ser multidiciplinar e após a estabilização clínica e hemodinâmica do paciente deve-se concentrar no tipo de fratura e no seu tratamento de escolha. O diagnóstico é feito através de radiografias simples, porém a tomografia computadorizada desempenha papel fundamental para o planejamento do tratamento, principalmente o cirúrgico.
Como em qualquer fratura articular, as fraturas do acetábulo necessitam de um perfeito alinhamento, para minimizar as conseqüências de desgaste (artrose) que a articulação acometida irá sofre ao longo do tempo. Nos casos em que o desvio dos fragmentos fraturados é pequeno, pode-se optar por tratamento não cirúrgico, restringindo a carga sobre o membro afetado. Ja nos desvios maiores (figura 2), faz-se necessário a redução cirúrgica da fratura e fixação dos fragmentos. Independente do tipo de tratamento escolhido, o paciente poderá permanecer de 2 a 3 meses sem apoiar o membro acometido no chão durante a marcha.
A recuperação de uma fratura acetabular é lenta e pode demorar de 6 meses a um ano para que o paciente retorno a sua rotina. A fisioterapia é fundamental para se restabelecer a mobilidade articular e ganho de força muscular. O prognóstico é variável, ou seja, pacientes podem retornar a exercer atividades de impacto, como também podem apresentar dor ao andar, que os obrigue a novos procedimentos cirúrgicos, como ser submetido a uma prótese de quadril.